segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Família de Benedito Cândido da Silva

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Por Roberto Sandoval : rlavodnas@hotmail.com ou rlavodnas@gmail.com

Introdução :

Districto de Santa Barbara das Canôas (atual Guaranésia) - Um templo consagrado à divindade , algumas casinhas erguidas junto della , a rua erma do povo que sahio para cultivar a terra , a corrente graciosa de um rio , e mais longe , campos em que pasta o gado e matas que o lavrador converteu em formósa seára , eis o que as mais das vezes é uma aldeia no extremo sul da província de Minas Geraes.
Em manhans claras quanto encanto offerecem essas toscas habitações ! murmura ao pé o ribeiro, nas árvores que crescem nos quintaes , perolas de orvalho fulgem aos raios de sol , e nas campinas e florestas adejão pássaros cujas harmonias vão quebrar o silêncio que reina na pequena povoação.
Os habitantes da aldeia , porém , não vivem isolados ; quando à última hora do dia voltão à seus penates os pacíficos lavradores que formão aqui e alli pequenos ajuntamentos , e as expansões de confiança e amizade allivião e fortificão as almas que estão entristecidas , ou por que o genio do extermínio deixou sem vida uma creatura querida , ou por que estações irregulares levarão a esperança de abundante colheita.
Fóra disto nada perturba a paz e alegria que reina nos pequenos povoados , onde não encontrão abrigo a maledicencia , a inveja e sordidos interesses , que não deixão as grandes cidades.
Eis a compensação que offerece a vida que se passa em remotas paragens ; não se conhece muitos gosos que suavisão nossa existencia , mas não se sente o desespero que tortura o coração quando delle se vai uma esperança , quando se sacrifica um desejo os que alli residem e vivem satisfeitos porque tirão do trabalho o que suas necessidades reclamão.
Quando attentamos para a povoação de Santa Barbara das Canôas , parece-nos ser ella uma dessas que temos ligeiramente esboçado ; dentro de seus muros não penetrão afflições e angustias , reina ahí inteira paz , devida sem duvida à boa indole dos habitantes desta localidade e à seu amor ao trabalho. Limitamo-nos a dar uma breve noticia desta povoação por que não é facil descrever-se tudo quanto tem ella de bello.
A pequena matriz , erecta sob o patrimonio de Santa Barbara , no alto de uma collina , é vista com suas singellas e elegantes torres de todos os pontos da povoação , por que essa collina tem uma forma semi-espheroide ; algumas casas sitas ao lado da egreja formão um largo em que se ve duas linhas de palmeiras , estando as demais casas collocadas em duas ruas que formão outros tantos circulos.
Banha a povoação o ribeirão das Canôas , a que vão ter as aguas do Bebedouro que corre a um quarto de legoa de distancia. Em frente à Matriz , e em lugar pouco apropriado , está o cemitério publico , que consta de um pequeno cercado ; ha porem , projecto de mudarem-o para ponto mais distante.
Conta esta povoação de 120 casas de telhas , e algumas cobertas com capim , as quaes estão collocadas em lugares mais afastados , e na freguezia existem 2 engenhos de cylindro , 12 movidos por bois e 5 engenhos de serra.
Ha abundancia de agua potavel , e trata-se da construcção de um chafariz na unica praça que alli existe.
Não ha em Santa Barbara das Canôas aula publica de ensino primario , e so se conta uma eschola particular , e essa está na fazenda de um dos mais importantes lavradores do lugar.
Joaquim Martins e Manoel Fernandes Varanda , já fallecidos , forão os doadores do terreno que constitue o patrimonio da Capela de Santa Barbara , e nelle creou um districto de paz a lei provincial 100 , de 6 de abril de 1.838 ; na ultima seção da assemblea provincial foi essa capella elevada à freguezia , mas ainda não está instalada.
Cercão a povoação ricas matas e pingues campos ; cultiva-se café e canna , cria-se em não pequena quantidade gado vacum e suino.
A instalação da freguezia constitue a principal aspiração dos habitantes deste lugar , e ella é tão justa quão importantes são os elementos de riqueza desta localidade. (Do Almanach do Sul de Minas de 1874).

Cap. I – Manoel Barbosa Sandoval

Manoel Barbosa Sandoval era filho de Jose Francisco Barbosa Sandoval e de Ana Alves Moreira , cuja família está descrita no Blog http://rlavodnas.blogspot.com/

Manoel nasceu em Santa Bárbara das Canoas , atual cidade de Guaranésia , MG , em 1849 e foi batizado aos 15/04/1849 na Capela de Santa Bárbara.

Dos registros eclesiásticos de Guaranésia , livro B-1 de batizados , pág. 21 :

“Manoel.
Aos 15 de Abril de 1.849 , baptisei sollenemente ao innocente Manoel , filho legitimo de Jose Francisco Barboza e Anna Alves Moreira. Forão padrinhos Clemmente Jose da Silva e D. Felicidade Perpetua do Nascimento , e para constar faço este assento.
O Capellão Pe. Manoel Barboza.
O Vigario Braz Mazzaro”.


Aos 4/10/1871 , Manoel Barbosa Sandoval casou-se com Maria Júlia da Trindade , natural de Muzambinho , MG , nascida por 1855 , filha de Antonio Soares de Oliveira e de s/m Maria do Carmo Magalhães , neta paterna do cap. Luiz Theodoro Soares e de s/m Ana Joaquina de Oliveira , neta materna de Pedro de Alcântara Magalhães e de s/m Francisca de Oliveira Machado.

Nota sobre o avô materno de Maria Júlia da Trindade :

"Faleceu de "defluxo asmático" aos 78 anos de idade , em 18/02/1.877 , em Muzambinho. Seu corpo , envolto em hábito preto , encomendado pelo vigário Antonio Camilo Esaú dos Santos , veio a ser enterrado dentro da matriz da referida freguesia.
Figurava , em 1.831 , no censo de Cabo Verde , com 7 escravos. Foi casado com Francisca de Oliveira Machado , filha de Anastacio e de Anna Custodia.
Em 1.857 , Pedro de Alcantara Magalhães ergueu uma capela no povoado de São Jose da Boa Vista , atual Muzambinho , do qual participou da fundação em 1.852 e onde exerceu o cargo de delegado.
O casal foi proprietário de metade das terras na sociedade da fazenda São Pedro , parte da fazenda Muzambinho e terras minerais na paragem denominada Cachoeira , havidas por falecimento de Anna Custodia de Araujo , mãe de Francisca de Oliveira Machado.
Num processo de divisão de bens , existente em Cabo Verde , iniciado em 19 de Outubro de 1.869 , requerido por Pedro de Alcantara Magalhães e sua mulher Francisca de Oliveira Machado , que desejavam favorecer os filhos , constata-se que possuíam uma fazenda denominada Campestre , situada no Ribeirão do Muzambinho , na freguesia de São Jose da Boa Vista , termo da vila de Cabo Verde , comarca do Rio Grande , província de Minas Gerais , com moinho avaliado em 100$000 , mais morada de casas , paiol , rego dágua , monjolo , arvoredos , pastos , cercas , valos , avaliados por 900$000 ; uma parte de terras na fazenda da Conceição , que receberam de seu sogro e pai , Anastacio Jose de Oliveira , avaliada em 120$000 ; a metade da fazenda Muzambinho , em sociedade com os Alves , no valor de 500$000 ; sete alqueires e meio de terras anexas ao patrimônio de São Jose da Boa Vista , com valores em número de 128 braças , por 269$920 ; uma fazenda contendo as águas do Muzambinho e Ribeirão do Belém , no valor de 21:229$000 ; e parte de uma casa na freguesia de São Jose da Boa Vista , por 160$000 ; e uma parte de casa na mesma localidade , doada a Francisco Theodoro Soares , por 350$000.
Foram declarados , ainda , nos referidos autos , bens móveis em prata , cobre e ferro ; semoventes e oito escravos.
O inventário dos bens deixados por Pedro de Alcantara Magalhães foi autuado 8 de Outubro de 1.877 na Vila de Cabo Verde , Comarca de Jacuí , província de Minas Gerais , onde foi processado.
A inventariante foi a viúva Francisca de Oliveira Machado. As terras da fazenda Campestre foram avaliadas por 3:085$000 , com casa de morada no valor de 250$000 , moinho por 50$000 , paiol e monjolo em 250$000. Foram inventariadas , ainda , terras na Lage no valor de 400$000 e terras nos Alves por 410$000 , além de casa no arraial por 350$000 e terreno anexo , com 105 palmos de frente , por 105$000". (do livro Muzambinho e sua História" , de Moacyr Bretas Soares , págs 19 e 31 / Revista Asbrap 5).

Manoel Barbosa Sandoval faleceu em Muzambinho aos 23/07/1926.

Manoel Barbosa Sandoval e s/m Maria Júlia da Trindade deixaram as filhas :

1) Ana Justina Trindade Sandoval , que segue
2) Maria Cândida Trindade Sandoval , nascida em 1879 , cc Antonio Herculano Magalhães em 25/04/1896.
3) Ana Custódia Trindade Sandoval , nascida por 1875 , cc Joaquim Antonio Ferreira.
4) Mariana Luiza Trindade Sandoval , nascida por 1875 , cc Tito Ballarim aos 25/04/1896 e com João Biedrava aos 18/06/1902.

Cap. II – Ana Justina Trindade Sandoval

Ana Justina nasceu em Muzambinho em 1873 , casou-se com Luiz Eugênio de Magalhães , natural de Muzambinho , MG , nascido aos 13/11/1867 , filho de Joaquim Alcântara Magalhães e de Ana Thereza de Jesus.

"Freguesia de São José da Boa Vista (atual Muzambinho) - As montanhas da Suissa não tem scenas mais encantadoras , nem sitios mais pittorescos , que os que se vêm em muitos pontos do Sul de Minas. Visitai a freguezia de São José da Boa Vista , collocado no alto de um monte , cercado de majestosos pinheiros , tendo aos pés valles profundos , immensas quebradas e lindas planicies , e vereis que naquella parte da Europa não há lugares que causem maior admiração. Como toda povoação que está situada no cume de um monte , esta freguezia é vista de longe , e portanto gozão seus habitantes do espectaculo grandioso que offerecem horisontes sem fim , serras e valles que parece se acabão junto ao ceo. Consta a povoação de um extenso largo em que está a egreja matriz , consagrada à São José , e de nove ruas perfeitamente alinhadas , e tem 110 casas , sendo uma de sobrado. O clima desta localidade é magnífico , pois até hoje nenhuma epidemia a invadio , e embora longe de recursos médicos , a mortalidade ahí é menor que regular. Foi elevada a districto de paz pela lei 1.095 , de 8 de Outubro de 1.860 , fazendo parte da parochia de Cabo Verde , e promovida à freguezia pela lei 1.277 , de 2 de Janeiro de 1.866. José Moreira Braga e João Viera Homem , já fallecidos , forão os doadores do terreno que constitue o patrimonio de São Jose da Boa Vista , e tomarão interesse pela creação desta localidade , Pedro de Alcantara Magalhães , Antonio Joaquim Pereira de Magalhães , Jose Garcia da Ressurreição e Jose Joaquim Machado. Cultiva-se canna , café e cereaes , e as necessidades do lugar que reclamão mais urgente satisfação são as seguintes : factura do cemiterio , construcção de um pequeno aqueducto para se ter na povoação bôa agua potavel , provimento da cadeia publica , escola de primeiras lettras , já creada , e uma agencia do correio. Satisfeitas estas necessidades , póde-se deixar ao esforço e habito da freguezia de São José da Boa Vista , seu desenvolvimento e progresso.
Distancias de São José da Boa Vista até :
Cabo Verde , 3 1/2 leguas.

Caconde , 4 leguas.
Dôres do Guaxupé , 4 leguas.
Santa Rosa do Rio Claro , 6 leguas.
São Joaquim da Serra Negra , 10 leguas.
Areado , 7 leguas.
Campanha , 25 leguas.
Rio de Janeiro , 90 leguas.
Ouro Preto , 80 leguas.
Da estação Boa Vista , na estrada de ferro de D. Pedro II , 47 leguas".
(Do Almanach Sul Mineiro para 1.874 , de Bernardo Saturnino da Veiga).
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Dez anos depois , do mesmo Almanach Sul Mineiro , edição para 1884
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Muzambinho - Do qual pertencem as freguezias da cidades de Santa Barbara das Canôas e de N. Sra. das Dôres do Guaxupé. Freguezia da Cidade : Esta povoação , outrora conhecida pelo nome de São José da Boa Vista , está collocada no cimo da montanha , situação que perfeitamente justifica sua antiga denominação , pois é realmente esplendida a vista que ahí se goza. Foi o patrimonio doado pelos finados cidadãos Jose Moreira Braga e João Vieira Homem , sendo hoje de 40 alqueires. Pela lei 2.500 de 12 de Novembro de 1.878 foi esta freguezia elevada à categoria de Villa com a denominação de Villa do Muzambinho , formando um termo com as freguezias de Dôres do Guaxupé e Santa Barbara das Canôas , desmembrada do municipio de São Sebastião do Paraizo. A 9 de Janeiro de 1.881 foi installado o novo municipio , que provisoriamente ficou annexo ao termo de Cabo Verde. A lei 2.687 de 30 de Novembro de 1.880 creou a comarca de Muzambinho , elevando à cidade a Villa deste nome. Essa comarca que até hoje não foi instalada por falta de verba , compõe-se , segundo a lei que a creou , dos termos do Muzambinho e de São Sebastião do Paraizo , entre os quaes está o novo termo de Jacuy , creado pela lei 2.784 , e que naturalmente virá a pertencer à comarca , por estar interposto aos termos que a contituem. Tem a localidade uma egreja dedicada a São José , padroeiro da freguezia , e cerca de 200 casas , uma cadeia com 2 enxovias e accomodação para 20 presos , funccionando a municipalidade e o jury no pavimento superior ; uma casa para instrucção , e um cemiterio ainda não concluido , e que se acha um pouco abandonado. A municipalidade , proposta pelo vereador Mizael Jose Barbosa Sandoval , resolveu auxiliar a fundação de um gabinete de leitura na cidade. Estão creadas , porém ainda não providas , duas aulas de instrucção primaria para ambos os sexos , e só prosegue em estudos superiores um filho do lugar , Rodolpho Cecilio de Assis Coimbra , que cursa as aulas do 4o anno da faculdade de medicina do Rio de Janeiro. Ha falta de agua na cidade , sendo somente encontrada em lugares baixos ou em cisternas , cuja profundidade vai até 180 palmos.Ainda se conserva na lembrança agradecida do povo desse lugar o nome do prestante cidadão Silverio Alves de Araujo , ha muito fallecido , e que ao Muzambinho prestou os melhores e mais desinteressados serviços. Por portaria de 24 de Abril de 1.883 foi elevada à categoria de comarca ecclesiastica a cidade de Muzambinho e nomeado para nella ter exercicio de vigario da vara o Revmo. Padre Antonio Camillo Esaú dos Santos. A estação mais proxima da estrada de ferro é a de Casa Branca. Durante o anno de 1.882 os baptizados de pessoas livres realizados na freguezia fôrão em numero de 185 e de ingenuos 9 , os casamentos 41 e os óbitos 34.

Ana Justina Trindade Sandoval e seu marido Luiz Eugênio de Magalhães deixaram os seguintes filhos :

1) Jose Pedro de Magalhães , que segue
2) Ana Joaquina Sandoval Magalhães , nasc. aos 13/10/1900.
3) Maria Jose Sandoval Magalhães , nasc. 13/03/1905.
4) Joaquim Sandoval Magalhães
5) Zacharias Alberto Sandoval Magalhães
6) Julio Sandoval Magalhães
7) Francisca Sandoval Magalhães , nasc. 08/11/1920.

Cap. III – Jose Pedro de Magalhães

Jose Pedro de Magalhães nasceu por 1890 e casou-se por 1905 com Maria Bárbara Sandoval , natural Guaranésia , MG , filha de Jose Moreira Sandoval e de Thereza Maria da Conceição , cuja família está descrita no Blog http://rlavodnas.blogspot.com/

Jose Pedro de Magalhães e s/m Maria Bárbara Sandoval deixaram os seguintes filhos :

1) Geraldo Magalhães , cc Maria Jose
2) Jose Eugênio de Magalhães , cc Alice
3) Benedito Magalhães , cc Aparecida
4) Catarina Magalhães , cc Joaquim Vital
5) Maria Magalhães , cc João Coelho
6) Adélia Magalhães
7) Raphaela Magalhães , que segue
8) Auta Magalhães , cc Carlos de Almeida

Cap. IV – Raphaela Magalhães

Raphaela Magalhães nasceu aos 15/03/1929 em Muzambinho , MG , casou-se com Jose Cândido Filho aos 02/06/1945 , deixaram dois filhos : Benedito Cândido da Silva , nascido aos 4/12/1946 e Maria Isabel Cândido nascida por 1948.
Depois de realizado um grande sonho de sua vida , Raphaela Magalhães faleceu as 17:00 hs do dia 19/01/2008 , sob os cuidados de seu filho.

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[em construção]

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